Como não se emocionar e não atender a uma cartinha que com letras miúdas diz: "Papai Noel, sou uma criança muito especial e estudo na Apae. Gostaria de ganhar neste Natal uma geladeira e panelas de brinquedo". Essa é apenas uma das mais de 100 cartas que foram levadas por crianças de toda a cidade aos Correios, na esperança de ver o sonho realizado. Segundo a coordenadora do projeto "Papai Noel dos Correios", em Mossoró, Régia Lúcia Marinho, os pedidos são os mais variados, desde os mais simples até os mais inusitados. "Teve uma criança de oito anos que pediu tijolos para a construção da sua casa; esse pedido nós não vamos levar nem para a adoção, vamos mostrar para alguma construtora, para tentar realizar o pedido", conta Régia.
Contando com a colaboração de pessoas solidárias, muitas cartas são lidas, e a maioria das crianças consegue passar um Natal mais feliz com o presente que pediu. "Tem pessoas que já adotam as cartas há cinco anos e são fiéis, vêm todos os anos", diz a coordenadora. Algumas cartas transmitem a inocência e sinceridade que só uma criança poderia demonstrar.
"Papai Noel, escrevo esta cartinha ansiosa para que o senhor a leia. Eu gostaria de ganhar uma bonequinha e uma roupinha para vestir na noite de Natal", pediu a pequena Beatriz Bernardino. Entre tantos pedidos, os tradicionais brinquedos, como bonecas e carrinhos, ainda são os preferidos por meninas e meninos, porém os pedidos demonstram também a necessidade de cada pequeno.
Como na carta de Ismael Marlon, de 7 anos. "Eu sou de uma família humilde, e o que minha mãe ganha só dá para comprar comida. Como toda criança sonha, eu também tenho sonhos e gostaria muito que o senhor pudesse realizar meu sonho", diz o garoto, que pede ao bom velhinho material escolar para ele e para as irmãs.
Régia conta que nas cartas há muito mais que pedidos, as crianças contam suas histórias de vida e emocionam quem as lê. Em meio a tantas cartas, uma delas chama atenção justamente por transparecer o sonho que não tem interesse, não escolhe presente, apenas deseja receber um presente. "Papai Noel, eu tenho sete anos e quero um presente singelo, o que o senhor me der, eu agradeço", dizia a carta.
Segundo Régia, das 580 cartas recebidas em 2008, apenas 250 foram atendidas. "Mas muitas também foram descartadas por falta de endereço. Algumas crianças acreditam tanto em Papai Noel que acham que ele vai adivinhar onde elas moram. Por isso é importante reforçar que eles devem colocar o endereço completo na carta", explica ela.
Desde ontem, os Correios estão recebendo oficialmente as cartas, mas a coordenadora da campanha afirma que desde o dia 26 de novembro várias cartas já foram deixadas na agência. O propósito da campanha é manter a magia natalina, através de ações voluntárias.
As cartas enviadas pelas crianças são disponibilizadas para que voluntários da sociedade adotem os pedidos e respondam as cartas. Os voluntários interessados em proporcionar um Natal mais feliz às crianças carentes devem se dirigir à agência dos Correios, na praça Rodolfo Fernandes, 8, 1º andar, no Centro.
Entre os critérios de seleção prévia das cartas, está a exigência do endereço completo. Os Correios alertam ainda à população para os pedidos que não serão aceitos, como medicamentos e aparelhos eletrônicos (notebooks, DVD, MP3 e aparelhos de celular). Cartas enviadas por pessoas adultas também não serão atendidas.
Os pedidos podem ser entregues em qualquer uma das agências dos Correios, em Mossoró. De acordo com Régia, dependendo da quantidade de cartas atendidas, parte dos presentes será entregue pelos próprios carteiros. "Os presentes maiores serão entregues em um espaço que ainda não foi definido", explica. Todas as crianças contempladas receberão um telegrama dos Correios informando data e local da entrega.
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