domingo, 20 de setembro de 2009

Pessoas com deficiência sofrem diariamente com falta de acessibilidade

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, garante a todo cidadão indistintamente o direito de ir e vir livremente para qualquer lugar do mundo. Porém, quando a questão se trata de pessoas com deficiência física, muitos obstáculos ainda precisam ser vencidos para que esse direito básico seja praticado em sua plenitude.

Não bastassem os desafios naturais, consequência da condição especial, os deficientes físicos do município aliam a essa dificuldades a falta de acessibilidade nas ruas e avenidas mossoroenses. Se não impedem a livre circulação dos deficientes, as barreiras arquitetônicas certamente são empecilhos que limitam sua locomoção.

Embora, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da norma NBR 9050, fixe os padrões e critérios que propiciem às pessoas portadoras de deficiência condições adequadas e seguras para o acesso autônomo às edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos, essa lei ainda deixa a desejar quanto ao seu efetivo cumprimento.

A cadeirante Lúcia Aquino sente na pele as dificuldades resultantes do não-cumprimento da norma. Para ela, o direito de ir e vir pelas ruas mossoroenses é limitado, em virtude do desnível das calçadas, da falta de rampa de acesso em prédios públicos e privados, da escassez de ônibus adaptados para o transporte de pessoas com necessidades especiais, entre outras barreiras.

Lúcia Aquino acrescenta que além das barreiras arquitetônicas e das rampas de acesso, que não estão em conformidade com as normas da ABNT, a falta de consciência social na população é um fator que dificulta ainda mais a vida dos deficientes. "Muitas pessoas estacionam nas rampas destinadas ao acesso de cadeirantes e isso atrapalha bastante, principalmente no momento de atravessar a rua", frisa.

A falta de acessibilidade também é um problema vivido pelo deficiente visual João Ferreira. Ele informa que atualmente a questão da acessibilidade é hoje o maior obstáculo enfrentado pelos portadores de deficiência. "Eu falo de todo tipo de acessibilidade. Seja de se locomover, de comunicação, de ingressar no mercado de trabalho. A arquitetônica é apenas uma delas. Mas estamos lutando para vencer essas dificuldades", enfatiza João.

Para a arquiteta Angélica Paiva, a questão de acabar com as barreiras arquitetônicas é uma das principais preocupações dos profissionais da área. "Os prédios novos estão procurando desenvolver de acordo com as normas da ABNT", afirma.

A arquiteta destaca que na questão de acessibilidade o poder público deveria dar o exemplo, o que na realidade não ocorre. "Nos prédios públicos mais antigos não há rampa para acesso de deficientes. Além disso, as calçadas desniveladas dificultam a locomoção, até mesmo para quem não é portador de deficiência. Seria preciso toda uma reestruturação na arquitetura da cidade para atender as recomendações da norma", salienta a profissional.

Lúcia Aquino diz que há anos essa reestruturação é uma reivindicação das associações que trabalham com deficientes físicos na cidade. Ela destaca que até o momento só houve promessas de melhoras, que nunca foram cumpridas. "Enquanto isso, continuaremos enfrentando diariamente as dificuldades para se locomover", ressalta.

Associação promove programação especial para comemorar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

A Associação dos Deficientes Físicos de Mossoró (Adefim) promoverá várias atividades para marcar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A programação contará com um seminário com o tema "Seguridade Social: Consolidando a Cidadania", que será realizado nos dias 21 e 22, na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

As atividades terão início amanhã, 21, às 16h, com uma caminhada saindo da praça Antônio Gomes (em frente ao Museu) rumo à praça Rodolfo Fernandes. No dia seguinte, serão realizadas ações durante todo o dia, com a promoção de mesas-redondas sobre diferentes aspectos do tema central. O evento visa chamar a atenção da sociedade e do poder público para as lutas diárias enfrentadas pelas pessoas com deficiência.

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